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terça-feira, janeiro 27, 2004

A Máquina Fotográfica

Percorro as calçadas de Lisboa disfarçando a fome. Tenho 20€ e 2 cigarros no bolso. As pessoas mal me olham. Enojam-se quando o fazem. Mudam de passeio... mudam de cara. Chove a potes, cães e gatos e elefantes também. Toda uma selva cai em cima de mim. Esbofeteando-me ao sabor do vento. Talvez num qualquer outro dia estivesse preocupado, hoje não. Vendi o que antes era o meu lar (ali pros lados de S.ta Apolónia) por 25€ e 4 cigarros. Gastei os 5+2 em mágoas e cerveja.

Entrei numa loja de antiguidades, e lembrei-me de ti. Foi como se me chamasse, para logo cuspir-me para a cara. Daquelas verde-castanhopegajosas. Cor de dor, da mais pura! Uma máquina fotográfica como aquela que o meu pai tanto estimava (em vão). Um pedaço de lixo, de História para alguém... de dor para mim. Lembrei-me quando comprei aquela que era à profissional (100 contos no dinheiro antigo). Só porque um dia achei que eras linda demais para se perder. Linda demais para perder cada centímetro da tua cara, do teu sorriso... do teu olhar tímido quando dizia "Amo-te". Porque os teus cabelos eram sequoias como as da Amazónia... eram o ar que respirava. Os teus olhos eram como 2 planetas vermelhos, martes que eu orbitava com prazer... rendido. Eras o meu centro de gravidade, o meu sistema solar, a minha galáxia, o meu TUDO! Mas deixei-te fugir. Nem as fotografias ficaram.
Depois... depois, perdi o emprego. Tentei comprar amor mas... o amor não se compra. Vende-se por aí, dizem. Mas não se consegue comprar.

Sem dizer uma palavra pego na máquina, vou até ao "senhor" comerciante, e despejo o bolso no balcão. O "senhor" conta assim de alto o dinheiro mas, não se atreveu a tocar-lhe (pelo menos à minha frente). Acenou com a cabeça em jeito de "põe-te na rua".
Percorro a baixa, restauradores e entro na estação de comboios do Rossio. Pessoas atafulham-se e insultam-se por nadas. Mas calam-se quando chego ao pé delas. Até sustêm a respiração. Apneia, como fazem os caçadores de pérolas.
Ingratos são o que são! Já fui como qualquer um deles. Os mesmo gestos, a mesma correria. O mesmo ar enjoado. Revejo cada dia da minha mísera vida em cada um deles. Eles não imaginam um dia como o meu.

Entro no comboio, e reconheço algumas pessoas. Vejo que alguns demoram meses a ler o mesmo livro. Ou que fingem lê-lo só para parecerem cultos. Aquela senhora ali continua mal de amores... esconde as capas de livros eróticos (daqueles que se compram nos quiosques) com publicidade de hipermercados, brochuras de agências de viagens. Paraísos onde estive.
Puxo da minha máquina fotográfica e disparo. Rodo a película e disparo. Tantas e tantas vezes. Alguns fingem que não estão a ser fotografados... outros riem para a máquina, até. Pessoas que vejo todos os dias. À mesma hora, todos os dias. Quando peço esmola vestido como hoje... como sempre estou. Com a farda da banda filarmónica de sei-la-onde. Que comprei a outro como eu, por uma garrafa de vinho. Vestido de azul, como os meus olhos nos (longínquos) bons dias de sol.
Digo que sofro do trauma da guerra. Do stress. "Todos Sofremos", dizem eles. Se dissesse a verdade não iam perceber.

- SOFRO DO CORAÇÃO!!! E isto rasga-me o peito pior que qualquer bala!

Mas isso ninguém ia ligar. Mesmo assim não ligam. Mas dão-me trocos, para me calar. Para não tocar mais pandeireta, flauta, harmónica, eu sei lá!

Um casal de tolos, de apaixonados, falam com ajuda de tecnologia de ponta. Ela dentro do comboio ele fora. Há qualquer coisa nele que me faz parar. A princípio não percebi. Já lá vai tempo, desde a última vez que me olhei no espelho. Mas um olhar mais atento, pela objectiva, deu para perceber. Ele tinha o meu olhar. O olhar de condenado. De perdido.
As portas fecham-se. O comboio arranca. E o tolo corre... corre de telemóvel em punho. Falando, por entre respiração ofegante, no limite das sua forças... para podê-la ver mais um segundo. Disparei no último instante. No momento em que o comboio entrou no túnel, e o tolo ficou para traz.

Saio do comboio umas estações depois. Numa qualquer, aleatória. "Pim" "pam" "pum". "Trick"... "trick"... disparo mais umas últimas vezes. Até ao fim do "rolo".
Olho os carros de cima de um viaduto. Fumo os dois cigarros reservados para a altura. Para o momento. Para o "trick".
Sinto alívio sobre a forma de vertigem, quando o vento acaricia-me o corpo... e oiço os ossos quebrarem-se de encontro ao alcatrão. Mesmo ao meu lado está a máquina. De câmara escura aberta, vazia de rolo. Como eu.



Copyright : Philippe Halsman / Magnum Photos

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Aplauso...

E agora? Quem vai marcar golos no último minuto? Saltar do banco como manilha esquecida (perdida), que nós faz ganhar a vasa?
Como te atreves? Fugir assim, mesmo á nossa frente. Sem que nada pudesse-mos fazer? Gritámos, rezámos!
Todos em vão!!!

Sorriste para a camera. E fizeste o jogo todo rodar á tua volta. O país todo!
Acredito que continuaste a sorrir. Às gargalhadas... de todos nós que te aplaudimos. Como se fosse possível o ritmo das nossas palmas ritmar o teu coração novamente, de volta ao relvado. Triunfante.

Mas não. Continuas-te a rir de nós todos, ridículos. Os que esquecemos que somos efémeros.


Podias saltar mais alto, correr mais rápido, fintar melhor que os centrais... mas a morte... essa, fita e finta todos.


O Artista morreu... Palmas pró artista...


domingo, janeiro 25, 2004

O Livro...





quinta-feira, janeiro 22, 2004

mais um calhau ao que resta da minha reputação...

Bruno Santos Modo: samsung A800 novinho em folha c/ um ou 2 dias a 150€... says:
ela é mt boa pessoa...tão boa pessoa que pode fartar

Bruno Santos Modo: samsung A800 novinho em folha c/ um ou 2 dias a 150€... says:
eu sou qq coisa...tão qq coisa que posso ñ ser nada!

Weda - www.ksmproductions.blogspot.com says:
LOL

Bruno Santos Modo: samsung A800 novinho em folha c/ um ou 2 dias a 150€... says:
bem...

Bruno Santos Modo: samsung A800 novinho em folha c/ um ou 2 dias a 150€... says:
isto merece post

domingo, janeiro 18, 2004

Tanta Lamexice...

Porque quando te olho elevo-me...


e fico ombro a ombro com os Deuses...


06/05/2003

SMS

sabes...
por mais que te tivesse observado naquela noite...na despedida.
Não te consegui decorar por inteiro.


deixei escapar o que estava por baixo da pele....

terça-feira, janeiro 13, 2004

É a última...prometo

Veja Bem, Meu Bem :. Maria Rita

Veja bem, meu bem
Sinto te informar
Que arranjei alguém
Pra me confortar
Este alguém está
Quando você sai
Eu só posso crer
Pois sem ter você
Nestes braços tais

Veja bem, amor
Onde está você?
Somos no papel
Mas não no viver
Viajar sem mim
Me deixar assim
Tive que arranjar
Alguém pra passar
Os dias ruins

Enquanto isso, navegando eu vou
Sem paz
Sem ter um porto
Quase motro, sem um cais
E eu nunca vou te esquecer, amor
Mas a solidão deixa o coração
Neste leva-e-traz

Veja bem além
Destes fatos vis
Saiba: traições
São bem mais sutis
Se eu te troquei
Não foi por maldade
Amor, veja bem
Arranjei alguém
Chamando saudade

segunda-feira, janeiro 12, 2004

No mood do BrunoS (esse grande maluco) : )

After Hours :: Velvet Underground

One, two, three
If you close the door
The night could last forever
Leave the sunshine out
And say hello to never

All the people are dancing
And they’re having such fun
I wish it could happen to me

But if you close the door
I’d never have to see the day again

If you close the door
The night could last forever
Leave the wine-glass out
And drink a toast to never

Oh, someday I know
Someone will look into my eyes
And say hello
You’re my very special one

But if you close the door
I’d never have to see the day again

Dark party bars, shiny cadillac cars
And the people on subways and trains
Looking gray in the rain, as they stand disarrayed
Oh, but people look well in the dark

And if you close the door
The night could last forever
Leave the sunshine out
And say hello to never

All the people are dancing
And they’re having such fun
I wish it could happen to me

Cause if you close the door
I’d never have to see the day again
I’d never have to see the day again, once more
I’d never have to see the day again

domingo, janeiro 11, 2004

I Miss You...

I Miss U
:: Bjork

i miss you
but i haven't met you yet
so special
but it hasn't happened yet
you are gorgeous
but i haven't met you yet
i remember
but it hasn't happened yet

and if you believe in dreams
or what is more important
that a dream can come true
i will meet you

i was peaking
but it hasn't happened yet
i haven't been given
my best souvenir
i miss you
but i haven't met you yet
i know your habits
but wouldn't recognize you yet

and if you believe in dreams
or what is more important
that a dream can come true
i will meet you

i'm so impatient
i can't stand the wait
when will i get my cuddle?
who are you?

i know by now that you'll arrive
by the time i stop waiting

i miss you



sábado, janeiro 10, 2004

Acho que está tudo dito...

Agora Só Falta Você
Maria Rita

Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto à você
E em tudo o que eu faço
Existe um porquê
Eu sei que eu nasci
Sei que eu nasci pra saber
Pra saber o quê

E fui andando sem pensar em voltar
E sem ligar pro que me aconteceu
Um belo dia vou lhe telefonar
Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu
No ar que eu respiro
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou

Agora só falta você
Agora só falta você
Agora só falta...



terça-feira, janeiro 06, 2004

Estudar

Sozinho em casa. Numa tarde fria de Janeiro. Os livros todos aberto sobre a cama. Uma lapiseira, caneta azul, caneta preta, borracha branca, caderno de folhas impecavelmente limpas. A mina de carvão que decididamente se une à primeira linha para começar a viagem de curvas e pontos. Um rácio. Solvabilidade. Custo de Mercadoria Vendida. Rendimento Antes de Impostos. Inutilidades várias organizadas por topicos, indexadas por ordem alfabetica, com comentários supostamente inteligentes assinalados entre aspas. a = b + c.

Lá fora, na direcção do rio, nota-se o frio no ar. É da cor talvez. Aquela azul claro, cinzento, que só o ar frio tem. E a vontade enorme de nada fazer. Pegar na guitarra e tocar. Ouvir o som dum piano. Cantar desalmadamente uma treta qualquer. You're the queen of my heart

Os livros ainda estão onde os deixei. Esta página do internet explorer continua aberta. Can You Feel My Love Buzz. Hora de voltar à morbidez morna dos livros de gestão.