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sexta-feira, janeiro 04, 2008

A Felicidade





«Na literatura, como na vida, o pessimismo é uma facilidade. O difícil é criar convicentes personagens felizes. O difícil é ser ao mesmo tempo feliz e interessante. Felizes, já se sabe, são os pobres de espírito.

Há quem confunda a alegria com a felicidade. A alegria não se parece com a felicidade, a não ser na medida em que um mar agitado se parece com um mar plácido. A alegria resulta de um súbito entorpecimento do espírito, a felicidade de uma iluminação momentânea. A felicidade não ri às gargalhadas. Não se anuncia com fogo de artifício. Não faz estremecer estádios. Raras são as vezes em que nos apercebemos da felicidade no intante em que somos felizes. A felicidade é um espelho nas mãos de um cego.»


José Eduardo Agualusa

in Revista Pública - Horas Felizes.

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