Inveja
Desço as escadas metálicas antes da hora. Olho através do vidro e reconheço o senhor careca carioca dos IMIKollektief. Que oferece saxofone (para os ouvidos) e pão de Deus (para o estômago) nos concertos.
Fico cá fora á espera das 19h30 e a tirar proveito da chuva (que tem escasseado ultimamente).
Reparo na parede pintada de branco, á minha frente. Nas gotas de chuva que nela escorrem. E naquilo que interpretei como choro. O Acto de chorar. A chuva que, em Lisboa, tem um sabor amargo como lágrimas. Os rastos cinzentos que essas lágrimas deixavam na parede. A parede que chora e que, por isso, deixa à vista as suas chagas.
Os carros buzinam e luzem lá no cimo. Onde pessoas passam também, em passo apressado. Duas moças bonitas exclamam o garrafal Jazz store. Limpo bem os pés e entro.
Depois das habituais voltas a observar todos os novos e antigos discos que não conheço. De tornar ao ponto de escuta onde, desta vez, já não mora Bernardo Sasseti. Sento-me no banco vermelho, de costas apoiadas numa prateleira de CDs, e de frente para a bateria.
Um senhor de cabelo grisalho óculos de massa e tiques discutíveis, entra na sala. Lança um seco "Boa Noite", fala de uma intelectualice que ninguém entende e diz que vai começar.
Isto é importante...quando avisam. É que, na maioria das vezes, nunca chego a perceber. Quando julgo terem terminado de afinar os instrumentos ouvem-se palmas e vai-se tudo embora...
Um percurssionista a solo. Que usa de tudo. Os raladores, as tampas das panelas, paus de rua. Que atira tudo para cima da bateria. Joga baseball com os que estão a mão. Roça as peles dos tambores. Á minha volta ninguém parece estar a achar piada, apesar da minha imensa vontade de rir.
Vou-me "habituando" ao caos de ritmos. E vejo no tambor a parede branca. As gotas de chuva que nela escorrem. E naquilo que interpretei como choro. O acto de chorar. A chuva que, em Lisboa, tem um sabor amargo como lágrimas. Aposto que as minhas também são amargas. Devem de ser. E os rastos cinzentos que as minhas lágrimas deixariam na parede...
Se soubesse chorar.
Fico cá fora á espera das 19h30 e a tirar proveito da chuva (que tem escasseado ultimamente).
Reparo na parede pintada de branco, á minha frente. Nas gotas de chuva que nela escorrem. E naquilo que interpretei como choro. O Acto de chorar. A chuva que, em Lisboa, tem um sabor amargo como lágrimas. Os rastos cinzentos que essas lágrimas deixavam na parede. A parede que chora e que, por isso, deixa à vista as suas chagas.
Os carros buzinam e luzem lá no cimo. Onde pessoas passam também, em passo apressado. Duas moças bonitas exclamam o garrafal Jazz store. Limpo bem os pés e entro.
Depois das habituais voltas a observar todos os novos e antigos discos que não conheço. De tornar ao ponto de escuta onde, desta vez, já não mora Bernardo Sasseti. Sento-me no banco vermelho, de costas apoiadas numa prateleira de CDs, e de frente para a bateria.
Um senhor de cabelo grisalho óculos de massa e tiques discutíveis, entra na sala. Lança um seco "Boa Noite", fala de uma intelectualice que ninguém entende e diz que vai começar.
Isto é importante...quando avisam. É que, na maioria das vezes, nunca chego a perceber. Quando julgo terem terminado de afinar os instrumentos ouvem-se palmas e vai-se tudo embora...
Um percurssionista a solo. Que usa de tudo. Os raladores, as tampas das panelas, paus de rua. Que atira tudo para cima da bateria. Joga baseball com os que estão a mão. Roça as peles dos tambores. Á minha volta ninguém parece estar a achar piada, apesar da minha imensa vontade de rir.
Vou-me "habituando" ao caos de ritmos. E vejo no tambor a parede branca. As gotas de chuva que nela escorrem. E naquilo que interpretei como choro. O acto de chorar. A chuva que, em Lisboa, tem um sabor amargo como lágrimas. Aposto que as minhas também são amargas. Devem de ser. E os rastos cinzentos que as minhas lágrimas deixariam na parede...
Se soubesse chorar.
3 Comments:
Gostei mto deste final... mto bom.
Deixaste-me chuva no coração.
Bjs & lágrimas.
Em cada lágrima...uma dor, um percurso na nossa face, que muitas das vezes, acaba mesmo por trazer um novo percurso na nossa vida...e são estes novos percursos que nos fazem viver e sorrir...se não sabes chorar...ainda vais a tempo...;)
Confesso que fiquei triste por nunca mais ter-te visto por cá. Fiquei muito contente com este teu regresso.
Fiquei com um sorriso daqueles...que só tu sabes como fazer.
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