Tenho de beber um café...
Ha Ha Ha...
Olho pro lado e lá estão 3 tipos, todos fashion...
Não ligo ao que dizem e volto a olhar para a "paisagem" negra. O objectivo destas grandes janelas é para que os passageiros vejam exactamente o que se passa lá fora. Para iludir um qualquer claustrofóbico que se aventure nestes túneis subterrâneos. Comigo não resulta (e reparem que não sofro dessas fobias!) e cada vez me sinto mais apertado. Sufoco-me mesmo quando tento abstrair-me de tudo e foco apenas o meu reflexo. Os suspiros violentos são inevitáveis. E chegam mesmo a ser incómodos aos restantes passageiros que olho fixamente nos olhos, só para os ver bater a retirada.
Hahahaasss ha ha ha!!!
Nunca chego a tirar os phones. Semicerro os olhos, cerro os dentes...brinco com os maxilares, e desenho um seco e leve sorriso enquanto observo os adolescentes. Um deles é muito mais extravagante que os outros. É esse que explode décibeis de gargalhadas por entre os dentes certos e brancos. Tem o cabelo tipo esfregona que lhe cobre a totalidade da testa, escondendo também uma ou outra borbulha. Roupa como tantos e óculos de lentes plásticas laranja. Esconde-se do mundo, através da gargalhada...da troça de outros.
A música deixa de existir na minha mente e vejo-me a quebrar-lhe o laranja ao primeiro soco. Seguido de outro nos abdominais de ginásio. Oitsuky...Guiakozuki. Já lá vão uns anos mas não os sinto nos nós dos dedos. O pulso firme, quando atinjo o maxilar, que com um e outro soco vai cedendo. Uma vez duro, outra solto até quebrar.
Os dentes branco-vermelhados.
Gostava tanto que estivesses aqui. Ia ser único! Bebia-mos café naquele do king, atravessavas a livraria para lá chegar e perdias-te nos livros do Basquiat. Ia-mos depois ao Maria Matos com os convites que ganhei. Vias ao vivo o trabalho daqueles que admiro.
"Vês como ele nos olha nos olhos? Como controla o nosso riso. Como explora-nos. Apedreja o nosso poço de emoções."
beijava-te o pescoço e sorriria feito tolo.
Seriamos os últimos a sair da sala e despedia-me do porteiro:
"até a próxima."
Perdiamos (pelo menos) um comboio para saborear a noite. O Frio também lá estaria, uma desculpa para nos abraçar-mos. Subia-mos os jardins de histórias que contar-te-ia. E ouvirias a música que oiço.
Via-mos os filmes das 2 e tal, a tvshop, o final das sessões. Adormecias no sofá com a cabeça sob o meu peito. Eu fingir-me-ia adormecido só para te ver mais um pouco. Controlaria a respiração, a emoção ou mesmo alguma lágrima rebelde...para não te acordar.
No entanto...peço o convite:
"é um convite em nome de Bruno Santos sff..."
"Não são dois???!"
"Sim...são dois..."
...bebo café sozinho e penso em convidar uma estranha. Chego mesmo a treinar a fala na minha cabeça:
«Pode parecer estranho mas...queres vir ao teatro?...não..nãonão.»
«Vais ver a peça? Ai sim? é que tenho 2 convites e acho que um é mesmo o teu número..."
Passeio vagarosamente até a estação de comboios revendo passagens e risos...com um convite intacto na carteira.
Quando vou para dar uma joelhada nas costelas ele cai por terra. Os amigos fogem na estação seguinte. Ninguém liga aquele trapo ensanguentado, estão todos demasiado sonolentos para dar alguma importância ao que se passa. Esmago a mão com o calcanhar e oiço um ou outro osso a partir-se.
"AAAAAAAHHHHHHH!!!! FDX!! AAAAAAAHHHHHH!!! PORQUÊ?? POOORRRQQUUUÊ!!???"
"Por Tudo!"
As portas abrem-se e dou um último olhar ao comedian. Ele retribui o olhar e sorri para os seus estarolas. Penso na tarde que me espera...nos sms a enviar. Atiro o cachecol para as costas e suspiro...
«Tenho de beber um café...»
Olho pro lado e lá estão 3 tipos, todos fashion...
Não ligo ao que dizem e volto a olhar para a "paisagem" negra. O objectivo destas grandes janelas é para que os passageiros vejam exactamente o que se passa lá fora. Para iludir um qualquer claustrofóbico que se aventure nestes túneis subterrâneos. Comigo não resulta (e reparem que não sofro dessas fobias!) e cada vez me sinto mais apertado. Sufoco-me mesmo quando tento abstrair-me de tudo e foco apenas o meu reflexo. Os suspiros violentos são inevitáveis. E chegam mesmo a ser incómodos aos restantes passageiros que olho fixamente nos olhos, só para os ver bater a retirada.
Hahahaasss ha ha ha!!!
Nunca chego a tirar os phones. Semicerro os olhos, cerro os dentes...brinco com os maxilares, e desenho um seco e leve sorriso enquanto observo os adolescentes. Um deles é muito mais extravagante que os outros. É esse que explode décibeis de gargalhadas por entre os dentes certos e brancos. Tem o cabelo tipo esfregona que lhe cobre a totalidade da testa, escondendo também uma ou outra borbulha. Roupa como tantos e óculos de lentes plásticas laranja. Esconde-se do mundo, através da gargalhada...da troça de outros.
A música deixa de existir na minha mente e vejo-me a quebrar-lhe o laranja ao primeiro soco. Seguido de outro nos abdominais de ginásio. Oitsuky...Guiakozuki. Já lá vão uns anos mas não os sinto nos nós dos dedos. O pulso firme, quando atinjo o maxilar, que com um e outro soco vai cedendo. Uma vez duro, outra solto até quebrar.
Os dentes branco-vermelhados.
Gostava tanto que estivesses aqui. Ia ser único! Bebia-mos café naquele do king, atravessavas a livraria para lá chegar e perdias-te nos livros do Basquiat. Ia-mos depois ao Maria Matos com os convites que ganhei. Vias ao vivo o trabalho daqueles que admiro.
"Vês como ele nos olha nos olhos? Como controla o nosso riso. Como explora-nos. Apedreja o nosso poço de emoções."
beijava-te o pescoço e sorriria feito tolo.
Seriamos os últimos a sair da sala e despedia-me do porteiro:
"até a próxima."
Perdiamos (pelo menos) um comboio para saborear a noite. O Frio também lá estaria, uma desculpa para nos abraçar-mos. Subia-mos os jardins de histórias que contar-te-ia. E ouvirias a música que oiço.
Via-mos os filmes das 2 e tal, a tvshop, o final das sessões. Adormecias no sofá com a cabeça sob o meu peito. Eu fingir-me-ia adormecido só para te ver mais um pouco. Controlaria a respiração, a emoção ou mesmo alguma lágrima rebelde...para não te acordar.
No entanto...peço o convite:
"é um convite em nome de Bruno Santos sff..."
"Não são dois???!"
"Sim...são dois..."
...bebo café sozinho e penso em convidar uma estranha. Chego mesmo a treinar a fala na minha cabeça:
«Pode parecer estranho mas...queres vir ao teatro?...não..nãonão.»
«Vais ver a peça? Ai sim? é que tenho 2 convites e acho que um é mesmo o teu número..."
Passeio vagarosamente até a estação de comboios revendo passagens e risos...com um convite intacto na carteira.
Quando vou para dar uma joelhada nas costelas ele cai por terra. Os amigos fogem na estação seguinte. Ninguém liga aquele trapo ensanguentado, estão todos demasiado sonolentos para dar alguma importância ao que se passa. Esmago a mão com o calcanhar e oiço um ou outro osso a partir-se.
"AAAAAAAHHHHHHH!!!! FDX!! AAAAAAAHHHHHH!!! PORQUÊ?? POOORRRQQUUUÊ!!???"
"Por Tudo!"
As portas abrem-se e dou um último olhar ao comedian. Ele retribui o olhar e sorri para os seus estarolas. Penso na tarde que me espera...nos sms a enviar. Atiro o cachecol para as costas e suspiro...
«Tenho de beber um café...»
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