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terça-feira, dezembro 16, 2003

noites

Esta é uma história que realmente aconteceu na parvoeira das reais noites de verão...numa terra que desapareceu do mapa neste verão. Fundada verão de 2002:

Um a um, todos vão desaparecendo da noite boémia. Ficam os de sempre. Os que teimam em contar, rir mais, beber demais. Nós. Os 3 de algumas fatídicas noites.
Depois de nos apercebermos que nada mais resta a não ser garrafas vazias e tascas fechadas. Despedimo-nos dos que restam, ou seja nós próprios, e partimos em busca do carro perdido. Fazemos curvas que não existem, cedemos passagem a quem não vem, paramos aqui e ali nos semáforos da noite(estrelas que vemos em duplicado).
L. vai a frente, com tamanho nevoeiro. Eu tento seguir as suas passadas. Afinal, não é assim que fazemos no transito do dia a dia? Quando nada vemos, seguimos em frente. Mesmo atrás do que precede o outro.
S. vai chutando pinhas pintadas de orvalho...
Num desses remates pra golo, quase que acerta no carro.
XX-XX-ET Encontro de 3ro grau.
Entramos 2 no carro. Eu de garrafa de traçado entre os joelhos(despojos da noite...para um possível pequeno almoço). S. teima em ir na mala, enfim...não se contraria a excelentíssima chiba.
"Não FEIXES!!!!"- pois claro, ele sofre da fobia.

Curva a esquerda curva a direita. Sou um co-piloto do melhor tipo. O calado. O computador de bordo não acusa falta de cinto no condutor e mala aberta, ele só existe na minha cabeça. É obra da minha imaginação. Já que, por mais que me esforce, não consigo descodificar o velocímetro...tento distrair-me. Esquecer aquela curva em que a roda saiu fora de estrada e já me via na horta, no meio de couves e nabos.

...que som angustiante. Pneus a deslizarem na estrada molhada...como se fosse manteiga.

saímos cada um como pôde...S. o primeiro L. logo depois, com as mãos na cabeça...eu de seguida. Dois carros param mesmo atrás. Uma multidão que não conheço abre e fecha portas.
Um senhor com ar simpático observa-me...de garrafa na mão...
olha e acena com a cabeça depois de ouvir o incessante "Fdx Fdx Fdx..." de L.
E é então que suspira e se decide por S. :
- Então, como é que isto tudo aconteceu!?
- EU!? EU não sei! Eu...eu ia na mala!


Com certeza que, meses passados, ainda deveriam de haver automobilistas perdidos. Á procura da placa de Ribeira. Ainda hoje tem dias...que a vejo voar sob o capom.