A minha vida entregue a isto
Já lá vai tanto tempo desde a ultima vez que escrevi. Mas passo a explicar. A culpa não é inteiramente minha. De um dia para o outro, e de uma forma (como sempre ou quase sempre é) misteriosa o meu computador deixou de funcionar. Assim, de um momento para o outro. Sem mugir nem tugir, como um cinquentão daqueles rijos que de repente morre no sono. A principio julguei não ser nada. Afinal sou quase engenheiro, três malabarismos e isto lá volta ao sitio. Mas não. Dia após dia após dia um silêncio daqueles que arrepia. O desgraçado não apita, não refila, não mostra cripticos pedidos de ajuda. E eu de volta dele, paciente, a enlouquecer. A inicio com pachorrinha de avó. Então meu menino, que se passa contigo. Tento a custo preservar as coisas que tinha, mexendo o minimo possivel, acreditando que ainda é possivel um resscuscitar miraculoso. Mas estamos longe da quaresma meus amigos. Noites seguidas a seguir o movimento (movimento?) lento das barras de progresso. Não saio de casa, não vou ao café. Tenho coisas para fazer e o computador não funciona. Preciso de imprimir isto e aquilo e o computador amuado comigo. Desespero, fico deprimido, não entendo. Passei uma semana de volta de uma máquina. UMA MÁQUINA.
Com o final da semana a avózinha está cansada. Transforma-se a pouco e pouco no Wallace do Braveheart. Um desejo de liberdade da maquiavélica máquina dá-me forças que desconhecia. Esmurro monitor, secretária, a tampa da impressora que faz demasiado barulho. A minha mãe fala-me em enguiço, recomenda prudencia. Que o diabo aparecesse para lhe dar uma carga de porrada. Mas a pouco e pouco vou ganhando controle, dentro deste inferno vou conhecendo o que posso e não posso fazer. Acima de tudo a verdade é que já não mando nada. Uma máquina branca, feia, paralélipepeda comanda a minha vida a toque de caixa. Eu feito urso agarrado às minha necessidades.
Ao que um gajo chega.
Com o final da semana a avózinha está cansada. Transforma-se a pouco e pouco no Wallace do Braveheart. Um desejo de liberdade da maquiavélica máquina dá-me forças que desconhecia. Esmurro monitor, secretária, a tampa da impressora que faz demasiado barulho. A minha mãe fala-me em enguiço, recomenda prudencia. Que o diabo aparecesse para lhe dar uma carga de porrada. Mas a pouco e pouco vou ganhando controle, dentro deste inferno vou conhecendo o que posso e não posso fazer. Acima de tudo a verdade é que já não mando nada. Uma máquina branca, feia, paralélipepeda comanda a minha vida a toque de caixa. Eu feito urso agarrado às minha necessidades.
Ao que um gajo chega.
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