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quarta-feira, agosto 03, 2005

Cofies & Dreams

O pior de tudo é as noites. As noites em que destruo a composição sóbria da cama. Em que te vejo a 200km/h. Talvez demasiado café (ver coffies and cigarets de Jim Jarmusch). Onde sonho acordado que te terei em breve nos meus braços. Que te limpo as lágrimas e acaricio-te o cabelo. Afinal são sonhos como quaisquer outros. Sonhos e café. Não tantos como temeis. Ainda sigo os teus conselhos, porque ainda me sinto teu. Apesar de...tu...
Coffies and Dreams. Como um dia te disse. Do filme. Que te ajudou no teu projecto, trabalho sei lá. Um 16? Acho que foi essa a nota que tiveste. Vinhas sempre orgulhosa mostrar-me o que estavas a fazer. Como pensaste...
Sim, "porque nada disto é ao calhas. Tudo tem de ser explicado ao cliente".

Quando um dia te tentei explicar a lógica object oriented aborreceste-te. Mas dizias para continuar. Que nunca ias ter pachorra para isso mas que percebias. Pois eu não te percebo agora. "Hã?" "Pode repetir?" "Não apanhei." Quero isso tudo explicado. No meu colo, como gostavas. Quero saber os custos para o cliente. Quero ver o estacionário. O logótipo. O caderno de...não me lembro (de encargos?). Aquele em que defines que o logótipo só pode ter cor x e y. Fundo w e z. Quero saber qual a minha cor. Quero que esteja lá, sempre colada á tua. Sem que nenhum parvo impressor offset faça merda. As nossas cores pertencem juntas...está no caderno e pronto!

Quando era criança. Assim como agora...mas com menos lágrimas e altura. Costumava arranjar um caderno especial para o meu diário. Era sempre um diferente. Não tinham de ser vermelhos, ou azuis, ou de capa dura e fabrico Português. Tinham de ser os tais. Os que iam dar inspiração. Errei sempre.
Se calhar era a cor de fundo. Um amarelo ou castanho que não devia de estar no tal caderno (de encargos). Sei que acabei por ter um durante algum tempo (mais do que relativamente os outros).
Era um livro de actas. Assim como escrevi. Cinzento com Letras grandes a dizer "livro de actas". Foi aí que escrevi algumas das histórias da minha vida atribulada. Porque a melhor aluna da turma não gostava de mim (que era o que subia mais alto nas arvores) mas gostava do bruno (que pilotava karts). Desde essa altura que desconfiei que era uma questão de carro.

Queria voltar a ser criança. Com menos lágrimas. Poder dormir de noite sem me torturar a imaginar milhões de formas de te voltar a beijar. Subir as arvores, chutar na bola, correr no mato, roubar melancias, crescer, corrigir o bug, passar o cartão magnético, leitura correcta, apanhar boleia da minha irmã, ir a festa de aniversario da minha prima, "ainda te lembras de mim?", conversar contigo, fazer um esforço para não te olhar para as pernas, "queres o meu número? não sei, para se calhar beber-mos um café?", "já tenho", beber cafés e ter sonhos contigo. Porque sempre sabia que te ia reencontrar. Coffies and Dreams.



...123 aqui vou eu!