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domingo, agosto 22, 2004

Rótulos

Venho por este meio, informar-vos que não estou pra rotulagens. Sim, meus caros, nada de Rótulos. Vós que passeis a vida a rotular (eu incluído) tendes os dias contados. Mas que porra! Pelo menos que rotulem com mais imaginação. Um indivíduo de óculos e Público na mão pode muito bem não ser intelectual de esquerda. Pode mesmo nem sequer saber o que isso quer dizer. Lá por se endividarem em milhões, e por levarem o seu país á miséria, não quer dizer que os Srs. do governo Angolano sejam corruptos. Muito menos que todos os dirigentes políticos o sejam! Existem muitos que não o são...não me estou a lembrar de nomes, mas algum deve de haver. Algures.
Até mesmo os nossos mortos estão rotulados... de isso mesmo. Algures no epitáfio está um erro crasso. Não. Não é nas eternas saudades dos filhos, netos e do cão. Alguns são mesmo honestos em toda aquela cerimónia da morte. Com a lágrima no olho, a voz a tremer e o olímpico mergulho para junto do morto. Alguns destes gestos são mesmo autênticos(!) e não apenas para delícia dos presentes. O erro encontra-se bem no início. Na data da morte.
O troglodita do espermatozoide não o sabe. Mas ele é o fio condutor de tudo isto. Com o seu Mitocondrias e o ADN na ponta (pelo que me lembro de CTV). Energia e Descendência.
O nosso querido morto é indigno desse nome. Ele vive em todos nós. Foi o responsável directa ou indirectamente no o bang que nos precedeu.

Um valente jogo de rins e volto ao tema que me trouxe aqui.
Se nem os mortos podem ser rotulados daquilo que o (não) são, então o que resta pra rotular? Bem... muitos gostam de perder tempo comigo. Aqui vão alguns exemplos:
Coitadinho, temperamental, infiel, fodilhão, distante, burro (esse animal raro!), atrasado, falabarato, desorganizado, labrego, cínico...
e a lista continua. Alguns chegam mesmo a ser apreciativos... embora não me recorde agora (mais um momento do eu modesto/cínico).

Meus caros...o caraças! Um rótulo custa uma pipa e alguns de vocês fazem-no aos milhões! Só podem ser todos muito ricos, e por sua vez muito baratos. Por isso...
Meus baratos... se não o conseguem evitar, rotulem com mais imaginação. Acreditem que é mais bonito andar cheio de post its no corpo com palavras impronunciáveis. Podiam mesmo ser uma palavra inventada por vocês! Exemplo: Aldroniano - Sábio de cabelos loiros e olhos verdes.

Numa tarde de café, a cara D. fez-me a mesma pergunta que lhe tinham feito numa aula de uma cadeira de nome pomposo (do seu curso respeitável).

"Diz-me numa frase, aquilo que és..."

Bebi o meu café e disse:

"um esquisso daquilo que quero ser..."

Mil perdões D., precipitei-me. Sou aquele que tem um sobretudo forrado a post its, com todos os rótulos dos baratos.


Eu não uso sobretudo.