"Modern Times". A story of industry, of individual enterprise - humanity crusading in the pursuit of happiness.
Quarta Feira, 26 de Agosto de 2004. A primeira vez que vi Charlie Chaplin no cinema. A primeira vez que a minha Mãe foi ao cinema. Foi na casa do desporto rei, e não esperava que fossemos tantos. Uma meia dúzia ou assim. O filme era exibido com ajuda de uma maquina digital, com todos os problemas no reiniciar. E os "peço imensa desculpa, mas é a máquina digital, e estamos com um atraso de 5min.". Tinha, dias antes, visto em VHS "O grande ditador". E fiquei muito impressionado como foi possível gozar tanto com o "teatro de guerra" e sair impune. Que ousadia! Toda aquela sátira ao ditador da altura (aquele que lhe roubou a ideia do bigode). E arrepiei-me quando vi a data do filme... 1940. No Início da segunda grande vergonha! Os guetos, o imperialismo, a queda. Ele consegue descrever de forma trágico/cómica e prever muito do que aconteceu. Terminando com um discurso de largos minutos (quando raramente se tinha ouvido a sua voz em todo o filme) sobre o que todos precisávamos ouvir em tempo de guerra (tal como nos encontramos hoje). - "Let us all, unite!"
E agora estava eu, dias depois, na companhia da minha mãe para ver o "charli charp" (como ela o chama). Enquanto o gelado (de 3.80€ DASS) se derretia de encontro ao copo, falava do quanto gostava dos filmes dele na altura em que era moça. "Aquele andar desengonçado...eu achava piada".
O início pareceu-me bastante familiar. A perfeita sensação que "já tinha visto isto". Pouco depois acontece um dos momentos altos do filme. Quando uma carrinha deixa para traz uma bandeira (supostamente vermelha) , Charlie apanha-a. E movimenta-a, para chamar a atenção da carrinha. No momento perfeitamente (in)oportuno, uma manifestação de trabalhadores forma-se por detrás dele. E por segundos, ele aparenta liderar a manifestação. Que é seguidamente reprimida com investidas da polícia a cavalo. Charlie acaba por ser preso, acusado de ser o líder. Talvez por isso tenha sido acusado de "pactuar com o inimigo", anos mais tarde em plena guerra fria. Confesso que me deu o sono a meio. Mas foi tudo fruto de noites mal dormidas. Ou melhor, relógio biológico fora de época.
O filme acaba por ter duas partes distintas. A parte em que Charlie Chaplin trabalha, colapsa e acaba por ser preso. E uma segunda parte em que conhece a bela Paulette Goddard, uma órfã. Nessa segunda parte, Charlie encontra o Amor...correcção. A Amizade. O Amor não sobreviveria a tantas contrariedades.
E de peripécia em peripécia o filme dispara para um final perfeito. Talvez o único final feliz que gostei até hoje...correcção. Também gostei do final do "Fabuloso destino de Amélie". Pormenores.
Quando acabam de fugir da polícia e de perder um emprego certo, nada parece a seu favor. E sentados á beira da estrada, a órfã chora de raiva e diz:
- What's the use of trying? - Charlie responde,
- Buck up! - never say die. We'll get along!
Ela concorda. Levantam-se e caminham lado a lado na estrada. Pouco passos dados, e Charlie repara no que falta para ser um final feliz. Momento mágico. O Sorriso.
Desenha o sorriso com ajuda do dedo, e ela retribui o gesto. E caminham assim, lado a lado, pelo asfalto em direcção ao desconhecido.
Apercebi-me em vários momentos do filme, que praticamente todos os comediantes portugueses que conheço lhe copiaram os tiques. Herman, Camilo, Solnado...Mas encontrei maior ligação aos meus tios da Aveleira. Na realidade nem são meus tios, são do meu pai. Lembro-me quando ia há adega desse (meu) tio e ele me oferecia agua pé. Dizia que estava crescido. Que era "já um home". Dos abraços que a tia me dava sempre que lá voltávamos (dos mais fortes que encontrei, os meus costados que o digam). Ele tinha o bigode, e ela o sorriso. Ainda me lembro da sala caiada, do pão rijo, do cheiro a brasas e do café de cevada. E aposto que ainda ecoam naquelas paredes a voz rude dele, o riso dela e alguém que diz...
E agora estava eu, dias depois, na companhia da minha mãe para ver o "charli charp" (como ela o chama). Enquanto o gelado (de 3.80€ DASS) se derretia de encontro ao copo, falava do quanto gostava dos filmes dele na altura em que era moça. "Aquele andar desengonçado...eu achava piada".
O início pareceu-me bastante familiar. A perfeita sensação que "já tinha visto isto". Pouco depois acontece um dos momentos altos do filme. Quando uma carrinha deixa para traz uma bandeira (supostamente vermelha) , Charlie apanha-a. E movimenta-a, para chamar a atenção da carrinha. No momento perfeitamente (in)oportuno, uma manifestação de trabalhadores forma-se por detrás dele. E por segundos, ele aparenta liderar a manifestação. Que é seguidamente reprimida com investidas da polícia a cavalo. Charlie acaba por ser preso, acusado de ser o líder. Talvez por isso tenha sido acusado de "pactuar com o inimigo", anos mais tarde em plena guerra fria. Confesso que me deu o sono a meio. Mas foi tudo fruto de noites mal dormidas. Ou melhor, relógio biológico fora de época.
O filme acaba por ter duas partes distintas. A parte em que Charlie Chaplin trabalha, colapsa e acaba por ser preso. E uma segunda parte em que conhece a bela Paulette Goddard, uma órfã. Nessa segunda parte, Charlie encontra o Amor...correcção. A Amizade. O Amor não sobreviveria a tantas contrariedades.
E de peripécia em peripécia o filme dispara para um final perfeito. Talvez o único final feliz que gostei até hoje...correcção. Também gostei do final do "Fabuloso destino de Amélie". Pormenores.
Quando acabam de fugir da polícia e de perder um emprego certo, nada parece a seu favor. E sentados á beira da estrada, a órfã chora de raiva e diz:
- What's the use of trying? - Charlie responde,
- Buck up! - never say die. We'll get along!
Ela concorda. Levantam-se e caminham lado a lado na estrada. Pouco passos dados, e Charlie repara no que falta para ser um final feliz. Momento mágico. O Sorriso.
Desenha o sorriso com ajuda do dedo, e ela retribui o gesto. E caminham assim, lado a lado, pelo asfalto em direcção ao desconhecido.
Apercebi-me em vários momentos do filme, que praticamente todos os comediantes portugueses que conheço lhe copiaram os tiques. Herman, Camilo, Solnado...Mas encontrei maior ligação aos meus tios da Aveleira. Na realidade nem são meus tios, são do meu pai. Lembro-me quando ia há adega desse (meu) tio e ele me oferecia agua pé. Dizia que estava crescido. Que era "já um home". Dos abraços que a tia me dava sempre que lá voltávamos (dos mais fortes que encontrei, os meus costados que o digam). Ele tinha o bigode, e ela o sorriso. Ainda me lembro da sala caiada, do pão rijo, do cheiro a brasas e do café de cevada. E aposto que ainda ecoam naquelas paredes a voz rude dele, o riso dela e alguém que diz...
Buck up! - never say die. We'll get along!
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