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terça-feira, julho 18, 2006

(Não me convides)*


Não me convides pra jantar. Não vês que ele está no estrangeiro? Claro que não aceito!

Não me faças esperar por ti. Sabes que odeio atrasos. Não adivinhes o que me apetece jantar. Não digas que estou mais bonita. Não me ajeites as pontas rebeldes do cabelo. Não me olhes assim tão fixamente nos olhos. Não me faças esse olhar.

Claro que não vou subir até ao teu andar! Leva-me a casa! Não gosto de chá. Não enchas tanto o copo com esse vinho.

(Não achas que já bebi o suficiente?)

Não te aproximes tanto de mim. Este sofá é pequeno demais para nós dois.
(Não me abraces.)

Não consigo respirar. Não digas "Amo-te" ao ouvido. Não me desapertes o soutien. Não me toques aí!

Não me beijes os seios assim, que deixa marca, e ele não tarda voltará do estrangeiro.






* - ou "Não há pior cego que o que não quer ver-me." (pg 174)

PS - referência a crónica "Da vida das marionetas" pg 51, terceiro livro de crónicas de António Lobo Antunes.

1 Comments:

Blogger Krushev said...

O camionista voltou uma semana mais cedo do que o programado e apanhou-te, não foi seu sacana? :)

23/7/06 21:38  

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