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domingo, julho 02, 2006

Foi como das outras vezes.

Era como das outras vezes.
Os metros teimavam em não chegar. Um instante era demasiado tempo quando não estava contigo. As pessoas metiam-se á frente, não se desviavam... as safadas. E perdia o metro da linha seguinte. Vendo-o desaparecer pelo tunel. Acenando-me um adeus para me provocar.
A luz vermelha a desaparecer no tunel. E eu a lembrar-me quando disseste "...atingir o extase do desejo...enquanto o tempo pára e o mundo deixa de existir..." mesmo antes de "o tempo parou e o mundo deixou de existi, e eu sou tua..." e de como soou tão perfeito na altura.

Naquele dia era como das outras vezes...não fosse aquele sabor que não me saía da boca. Já há muito que não tinha notícias tuas. Tinhas misteriosamente desaparecido. Nada visto antes.

Beijava-te o ombro e cobria o teu corpo despido com a palma da minha mão. E tu Estou triste... e eu Porquê? e tu Tenho saudades tuas e eu Mas como? Se estou aqui! e tu Sinto como se já tivesses ido embora...
Foste tão doce nesse dia que temi pelo historial diabético da minha família. Beijei-te e disse:
- Pareces de porcelana!
- Mas eu sou de porcelana, não percebes?
- és cristal...no mínimo. Porque brilhas.

Era como das outras vezes. Eu subia a escadaria da estação e tu já estavas á minha espera dentro do carro. Estavas feia naquele dia. Os teus olhos eram pesados e tristes como o chumbo dos caixões. Fizeste um esforço para sorrir. Não resultou. Começaste com um discurso feito que me fez perder o seguimento das coisas e voar para aquele mundo meu. Em momento de mundial lembrei-me da perdida do avançado e do comentário do jornalista:
"Teve medo de ser feliz!"

Eu, a olhar para ti. Os teus olhos de chumbo. Os lábios a moverem-se. E o eco na minha cabeça:
"Teve medo de ser feliz!"


Pedi para irmos para o banco de trás, falar. Pedi para me deitar no teu colo. Não pedi para passar a mão na tua coxa. Fiquei a um centímetro dos teus lábios. Beijei-te. Beijaste-me de volta. Afastaste-te.

- Cheiras...sabes tanto a tabaco!

Não era tabaco, era o sabor amargo do fim.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E, se eu não fosse de porcelana não deixaria aqui o comentário....
..gostei muito!!!!

2/7/06 23:03  
Anonymous Anónimo said...

Olá,gosto muito do que escreves e como consegues traduzir em palavras os teus sentimentos. Aliás os teus e os do comum do mortais. Um segredo... também eu tenho medo de ser feliz muitas vezes...

7/7/06 16:26  

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