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segunda-feira, maio 10, 2004

Homem, média idade, metro e sessenta I

Homem, média idade, metro e sessenta. Estrábico do olho direito. Cabelo fraco. Barriga típica das suas origens. Passeia Vagarosamente pelos verdes bancos deste "jardim" de mal dispostos matinais, alimentado por leis de Coulomb, Kirchoff, Einstein e que mais...
O tempo urge e todos querem ter o melhor lugar. Atropelam-se. Ultrapassam pela direita, pela esquerda. Buzinam-se para uns aos outros.
Mas o Homem... média idade, metro e sessenta, estrábico do olho direito, continua errando vagarosamente pelo comboio das 7:30h. E a cada banco ocupado estende a mão. Aperta a do que ocupa o banco, diz qualquer coisa e segue para o seguinte, e para o seguinte e para o seguinte. Até que chega até onde estou e faz o mesmo. Estende a mão. Eu estendo a minha e aperto a dele como o António (Lobo Antunes) fez a mim. Com força. Como para verificar de que material era feito. Se é de carne e osso. Há por aí tantos que não o são...

"Uma boa sorte, saúde e Vida..." - diz.


[
eu contorço-me para chegar melhor á carteira. E estendo-lhe uns tocos juntamente com o meu sorriso fácil.

"Você não percebeu." - Diz ele, desapontado.
"Sou eu quem lhe está a dar esmola!"
]

E segue para o seguinte, e para o seguinte, e para o seguinte...